Interrupção (28.02.11)

Esquece, por favor, a minha arte incompleta.
Arte pretensiosa, arte que nada vale...
Nunca serei poeta e, mesmo que eu me cale,
Os versos que escrevi, a palavra indiscreta,

Inda valerão nada em meu resto de vida...
É então que chega ao fim meu lúgubre discurso,
Fadado desde a estréia a perecer no curso;
Indômito destino, hora da despedida...

Esquece, por favor, a minha arte incompleta...
Por meus pecados, nunca eu morrerei poeta;
Meu sonho se acabou co' a tinta em sequidão.

Quando o primeiro verso inda tinha esperança,
Viu num dos versos teus a minha insegurança,
Tu morrerás poeta e, infelizmente, eu não...

Victória Freitas

Um comentário:

  1. Um soneto de uma fortíssima noção de sentimento, embora noção seja prima da razão, a qual nada tem com sentimentos, este me parece muito revelador, algo entre o "eu lírico" e o "eu". Uma carga pessimista que, talvez, esconda um reflexo de esperança. Sinto-me satisfeito em vir aqui sempre. Um grande abraço!

    D.Machado

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